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Clássicos

Os anos dourados na Serra Gaúcha

Entre Gramado e Canela, um museu de carros
americanos dos anos 50 e motos Harley-Davidson

Texto: Roberto Nasser

Programa básico a quem vai à serra gaúcha, o Hollywood Dream Cars é um misto de preservação da história e exercício de paixão. Localizado na estrada que liga as cidades turísticas Gramado e Canela, ocupa aproximadamente 1.000 metros quadrados de área, em galpão de construção especial para ser mostra permanente do melhor espelho da época de ouro dos automóveis norte-americanos -- a década de 50.

Há, naturalmente, automóveis de outros anos -- até porque paixão antigomobilista usualmente não é estanque -- e uma impecável reunião de motos Harley-Davidson. Estas, de variados anos de produção, são sem a menor dúvida o melhor agrupamento da marca no país.

Na área superior do Hollywood Dream Cars, 26 automóveis de destaque, incluindo um Cadillac de Roberto Lee e um exemplar único do Ford Victoria
Espelhos, iluminação especial, tratamento decorativo, ilustrações e fundo musical com música da época, com especial atenção para o cantor norte-americano Elvis Presley, melhor ícone para os Cadillacs e para as Harley, complementam o bem dividido espaço.

Na área superior, uma espécie de salão principal, estão 26 automóveis de maior destaque. Sentimentalmente o de maior expressão é o Cadillac Coupé DeVille '56, marfim, um dos três de uso diuturno do desaparecido colecionador Roberto Lee, pai e mãe do movimento antigomobilista no Brasil. O estofamento original foi substituído, mas o automóvel mantém sua aura. Dentre os outros 25 há peças interessantes como um Ford Victoria conversível '56, que o administrador Francisco Trinidad explica ser o único -- ou o último -- no país.

No andar inferior, há outros nove veículos e a Sala Harley, onde se dispõem as motocicletas. O Hollywood está em processo de expansão para aumentar a área expositiva e a quantidade de veículos. O acervo tem baixo giro e é alimentado por uma coleção que totaliza 220 unidades.
Iluminação, tratamento decorativo, ilustrações e até o fundo musical -- com ênfase para Elvis Presley -- seguem o estilo da época
Não é um museu com a aura de didatismo embutida nestes centros culturais. É mais uma coleção generosamente aberta ao público, conseqüência da paixão de família catarinense pelos veículos antigos. Já na terceira geração de antigomobilistas e com um acervo de 220 veículos, entendeu-se que seria boa oportunidade expor parte da coleção, arrecadando fundos para a manutenção de todos. O Hollywood é parte de um projeto maior, o Museu dos Automóveis Clássicos Antigos.

O espaço não recebe doações nem verbas oficiais e mantém-se com a cobrança de entradas (R$ 5,00) e venda de itens de merchandising em sua pequena e bem fornida loja.

Concentração

A ligação entre Gramado e Canela pode se transformar no principal eixo cultural do antigomobilismo brasileiro. O colecionador Carlos Eduardo Warlich está mudando seu Museu do Automóvel, que operava em São Francisco do Sul, para Canela. No caso, um museu com a abrangência informativa destes equipamentos culturais: automóveis, informações, literatura, fotos, automobilia.

As motos Harley-Davidson, ícones norte-americanos, também têm seu espaço no museu gaúcho
Há, ainda no estado, em São Sebastião do Caí, o Museu DK, que abre apenas por agendamento com o proprietário, Danilo Keiper, e a Universidade Luterana do Brasil, em Canoas, que vem formando acervo -- afirma-se ser atualmente o maior do Rio Grande do Sul -- e planeja a abertura de suas portas para breve.

E há, referencialmente, a melhor coleção de carreteras -- carros de passeio transformados em veículos de corrida, uma fórmula argentina adotada no Brasil, e na qual os gaúchos foram líderes -- em Passo Fundo, dirigida como pequeno museu pelo colecionador Paulo Trevisan.
Continua
Cultura + turismo = negócio
No dia em que o antigomobilismo deixar de ser visto como atividade de pessoas endinheiradas e ociosas, e assumir a óptica de atividade de preservação útil à sociedade, talvez a secretaria de turismo do governo do Rio Grande do Sul entenda que incentivando, promovendo e fazendo um enlace de programação entre os museus e coleções gaúchas, poderá criar um novo tipo de atração turística interna e externa, provocando um giro no estado em torno destas exposições. A maior concentração de museus e coleções visitáveis está em terras gaúchas.

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Fotos: Fabiano Mazzeo e divulgação