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Clássicos

Esse Glaspac era altamente subesterçante (saía de frente nas curvas) e tinha freios insuficientes para o desempenho. Mas era divertidíssimo e com desempenho superior a qualquer coisa à venda no Brasil daquela época. Após a avaliação, a Glaspac enviou o motor para a oficina do famoso "Lobo do Canindé", Camilo Christófaro, onde ele foi praticamente refeito. Com carburador de corpo quádruplo Holley (conhecido pelo nome Quadrijet), coletor de alumínio, comando, válvulas, varetas e tuchos especiais, Camilo estimou que sua potência bruta estaria agora na casa de 310 cv a 5.800 rpm!

Depois de numerosos acertos de motor, freios e suspensão, o Cobra brasileiro estava apto a oferecer emoções dignas do modelo original, um mito criado por Carroll Shelby

As suspensões começaram a ser ajustadas pelo campeão de stock-car Ingo Hoffman, que especificou molas dianteiras do Opala 1979, juntamente com um ângulo de câmber negativo, já sugerido pela revista. O tanque de combustível foi aumentado para 88 litros, o escapamento alongado para não danificar a cromação do pára-choque, o pára-brisa ficou mais alto e largo, o túnel do motor mais estreito. Além dessas modificações, iniciou-se o desenvolvimento de uma capota rígida para o veículo. Foi desta forma que o carro apareceu em outra publicação do gênero.

Nesse teste completo, uma boa notícia para a Glaspac: segundo a revista, era o mais rápido e veloz carro do Brasil por uma boa margem, com 205 km/h e aceleração de 0 a 100 Km/h em apenas 7,9 s. Isso já com o teto rígido desmontável, mas sem as janelas laterais. Como os números foram obtidos em uma pista curta, acredita-se que o carro podia alcançar pelo menos 220 km/h em uma reta apropriada. O consumo de combustível foi medido em 7,9 km/l na estrada e 3,7 km/l na cidade.

Mas os freios ainda apresentavam perda de ação (fading) violenta, bastando algumas frenagens fortes a partir de 180 km/h para que o fluido entrasse em ebulição, seguido da falha completa do sistema. Na última avaliação pela imprensa o Glaspac já estava totalmente desenvolvido: não apresentava problemas de freios, tinha molas traseiras recalibradas, amortecedores traseiros de picape F-1000 e caixa de direção do Dodge 1800. Já trazia também todos os opcionais de acabamento, como capota rígida desmontável em fibra, com janelas deslizantes, e capota marítima.

Em 1984 a Glaspac apresentou uma réplica do Ford Thunderbird dos anos 50, que poderia ter feito sucesso mas nunca chegou ao mercado

Com o sucesso do Cobra, inclusive em exportações, a Glaspac começou a desenvolver sobre o mesmo chassi mais uma réplica, desta vez do clássico Ford Thunderbird de 1955 (leia história). Foi apresentada no Salão do Automóvel de 1984, junto com um Cobra, em um estranho estande "comunitário", sem marcas, com cordas separando o público dos carros e dividindo espaço com um Fórmula-Ford (a Glaspac produziu 50 carros para a Ford entre o final de 1984 e início de 1985) e uma réplica de Porsche 356 conversível.

O Thunderbird da Glaspac nunca entrou em produção. O Cobra, então utilizando motor 250-S de seis cilindros em linha do Opala (pois o Landau saiu de produção em 1983), deixou de ser produzido em meados de 1987. E assim encerravam-se a história de um dos melhores esportivos já feitos em terras tupiniquins e as bem-vindas aventuras da Glaspac na construção de automóveis.

Ficha técnica
MOTOR - longitudinal; 8 cilindros em V; comando no bloco, 2 válvulas por cilindro. Diâmetro e curso: 101,65 x 76,2 mm. Cilindrada: 4.949 cm3. Taxa de compressão: 8,25:1. Carburador de corpo quádruplo Holley. Potência máxima bruta estimada: 310 cv a 5.800 rpm.
CÂMBIO - manual, 4 marchas; tração traseira.
SUSPENSÃO - dianteira, independente, braço superior e inferior, com estabilizador; traseira, eixo rígido.
FREIOS - dianteiros a disco, traseiros a tambor.
RODAS - dianteiras, 7 x 14 pol, pneus 215/70 R 14 H; traseiras, 8 x 15 pol; pneus 215/70 R 15 H.
DIMENSÕES - comprimento, 4,16 m; largura, 1,89 m; altura, 1,26 m (com capota rígida); entreeixos, 2,438 m; capacidade do tanque, 88 l; peso, 1.250 kg.
DESEMPENHO - velocidade máxima, 205 km/h; aceleração de 0 a 100 km/h, 7,9 s (dados aferidos por publicação da época).

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Fotos desta página: Paulus Hanser de Freitas

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