Contudo, nem o aumento da capacidade do motor para 5,3 litros, a elevação da potência para 132 cv e a diminuição nos preços foram suficientes para sustentar as vendas do L-29. A produção cessou em dezembro de 1932, com apenas 5.300 exemplares construídos. Parecia encerrada a vida de mais uma marca de automóveis nos Estados Unidos, mas uma série de eventos -- daqueles que só o acaso poderia criar -- acabou por gerar um novo modelo Cord, um automóvel incomparável e único. |
Cansado de sujar o motor de seu Ford 1929, Gordon Buherig desenvolveu um carro sem grade no concurso interno de desenho da GM. Acabou levando-o para a Duesenberg, onde inspirou o Cord 810/812 | ![]() |
O primeiro destes fatores
foi justamente o fracasso do L-29, pois se este tivesse
sido um sucesso, certamente surgiriam modelos L-30, L-31,
etc. Um segundo fator foi a crise de 1929 e a grande
recessão que se abateu sobre a América nos anos 30,
surgindo a necessidade de se produzirem automóveis mais
baratos e acessíveis. O último destes fatores foi a saída do desenhista-chefe da Duesenberg, Gordon Buherig, para a General Motors em 1933. Nos primeiros meses de trabalho naquela empresa Harl Earl, desenhista-chefe da GM, impôs um desafio a seus funcionários, divididos em equipes. Um concurso interno foi organizado para escolher o melhor projeto e os vencedores ganhariam uma viagem a Chicago. |
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Neste protótipo de um Duesenberg menor e mais barato já aparecem as linhas básicas do Cord. embora os faróis ainda fossem convencionais |
Buherig havia projetado
para seu uso pessoal uma carroceria especial sobre um
Ford 1929, que ele sempre fez questão de manter em condições
impecáveis. Uma das dificuldades que encontrava era
manter limpo o motor, pois este estava sempre sujo em função
da necessidade da entrada de ar para o radiador. O novo
automóvel que Buherig projetaria para o concurso deveria
resolver este problema, mantendo o motor protegido, sem
contato com o exterior, deslocando o radiador. Era o
surgimento de um dos desenhos mais originais já criados. Logo Buherig retornava à Duesenberg, com a missão de projetar um novo modelo mais barato, algo que seria como a La Salle era para a Cadillac. Ele então sugeriu o desenho apresentado para o concurso. Na verdade, o grande destaque do desenho não era o motor sempre limpo, mas a originalidade da frente do automóvel. Afinal, não era mais preciso construir a frente a partir do radiador. |
Baixo, elegante e sem estribos nem grade dianteira, o 810 marcou época e chegou a ter seu desenho patenteado, mas não foi bem-sucedido em vendas | ![]() |
Um protótipo foi
produzido, pouco antes do projeto ser interrompido para
Buherig remodelar a linha Auburn 34/35. Depois desta
emergência o projeto foi retomado com outro objetivo, a
construção de um novo Cord, equipado com motor V8 de 4,7
litros e 125 cv, desenvolvido pela Lycomming e com tração
dianteira. A decisão de colocar em produção o novo modelo foi tomada tarde demais, a apenas quatro meses dos principais salões. Para passar de um modelo de pré-série para uma produção de 100 unidades (mínimo exigido pelas organizações) neste exíguo tempo, muito foi deixado de lado, inclusive a transmissão. Ou seja, os modelos expostos não rodavam. |
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Eram necessárias 100 unidades para que pudesse ser exposto no Salão de Nova York, mas a Cord construiu no máximo 29 -- e, sem transmissão, elas não rodavam. Nesta foto um 810 sedã |
Das 100 unidades necessárias
foram construídas -- segundo os mais otimistas -- apenas
29, montadas praticamente à mão. Mesmo assim foram
aceitas no Salão de Nova York de 1936 e o novo Cord,
batizado de 810 (data do lançamento, oito de outubro),
foi a sensação. O desenho era inovador e a frente não
possuía grade, sendo apelidada de "nariz de caixão"
(coffin-nose). A entrada de ar era feita por
aberturas em forma de veneziana que se estendiam por toda
a lateral do capô, pois a idéia dos radiadores externos
fora abandonada. Em razão da sua baixa altura, não
existia a necessidade de estribos laterais, o que
melhorava ainda mais sua aparência. Várias eram as inovações apresentadas. Em primeiro lugar os faróis escamoteáveis, idéia copiada do farol de aterrissagem de um avião Stinson. A lanterna traseira, incorporada à carroceria, possuía controle de intensidade da luz do painel, que possuía desenho inspirado nos painéis dos aviões. Ainda, limpador de pára-brisa com duas velocidades e tampa do tanque de combustível protegida por uma portinhola. |
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O
painel do 810 e seu peculiar sistema de engates do câmbio:
bastava O conversível trazia
vidros que se abaixavam completamente e a capota, quando
abaixada, ficava totalmente escondida. Outra novidade
apresentada era a transmissão com pré-seletor,
utilizando um sistema eletropneumático Bendix. Em uma
pequena alavanca no painel o motorista escolhia a marcha,
e quando pisava fundo no pedal da embreagem, a marcha era
engrenada. |
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