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A real indústria de Sua Majestade

As marcas inglesas pouco representam em volume,
mas carregam um legado de muitas tradições

Fotos: divulgação

Quando se fala na falência da Inglaterra como produtora de automóveis, muitos estranham por conhecer marcas inglesas que ainda produzem veículos. Na verdade, o que acontece é que as indústrias inglesas ou são pequenas demais para ser importantes para o grande esquema das coisas, ou são propriedade de marcas de outros países.

A parte pequena e aparentemente insignificante, porém, é o que torna este país um dos mais interessantes para os entusiastas. Várias empresas pequenas, chamadas de cottage industry pelos americanos, produzem hoje o equivalente automobilístico da alta costura francesa. Caterham, Morgan, Bristol, Ariel, LCC e várias outras criam uma variedade de automóveis altamente interessantes, todos direcionados para quem gosta de dirigir rápido. São criações originais, diferentes e eficientes.

A tradição do Lotus Super Seven, esportivo essencial e extremamente divertido lançado em 1957, permanece viva no Caterham

Os motivos que levaram à falência da indústria de massa inglesa são vários, mas com certeza o maior é que a Grã-Bretanha não conseguiu, no pós-guerra, que seus produtos alcançassem o nível de confiabilidade da concorrência internacional. Isso porque a indústria desse país sempre esteve pulverizada em várias pequenas companhias, e nenhuma delas alcançou volume de produção significativo.

Também, perdendo o bonde da história, os ingleses achavam que se o projeto fosse bom, o consumidor perdoaria qualquer falha posterior do veículo. Lançavam produtos sem o desenvolvimento e testes necessários, e depois de lançá-los corriam atrás do prejuízo. Isto no pré-guerra não era um problema, pois toda a indústria mundial fazia o mesmo, mas a Inglaterra não conseguiu acompanhar bem o salto tecnológico que os outros deram após a Segunda Guerra.

Empresas como a Volkswagen mostraram que o sucesso industrial estava no inverso, ou seja, carros duráveis e confiáveis são os que vendem mais, não importando o padrão do projeto do veículo. Ninguém, hoje em dia, compra um carro para ser a engenharia experimental de empresa nenhuma. Todos querem um produto completamente desenvolvido.

O projeto do Austin Seven era tão adequado às condições européias que foi adotado pela BMW para a fabricação de seu primeiro carro, o Dixi (ao lado)

Não foi sempre assim. Antes da Segunda Guerra a Grã-Bretanha tinha uma próspera indústria automobilística, eficiente e inovadora como sempre, mas também produtiva, lucrativa e atualizada nos meios de produção. Bom exemplo disso foi o primeiro Austin Seven. Considerado hoje a resposta européia ao Ford Modelo T, o Seven era muito menor em tamanho, usava um motor infinitamente menor (750 cm3), mas tinha um desempenho semelhante e era muito melhor para as condições européias que o grande Ford.

Era tão bom que um certo fabricante de motocicletas alemão, famoso pela qualidade de seus produtos, escolheu o Seven para ser seu primeiro automóvel, produzindo-o na Alemanha sob licença com grande sucesso. O fabricante de motos se chamava BMW, e o Austin Seven ficou conhecido na Alemanha como BMW Dixi.

A lista de fabricantes ingleses de automóveis é tão extensa que daria um livro, mas tentaremos resumir a história de alguns sobreviventes, para montar um retrato do que é e o que foi a indústria de automóveis na Grã-Bretanha.

O 400 foi o primeiro modelo Bristol, logo após a Segunda Guerra. Vencedora no conflito, a Inglaterra apoderou-se do projeto do BMW 327

A Bristol, apesar de produzir aviões desde o início dessa indústria, começou a fabricar automóveis só após a Segunda Guerra, e de maneira inusitada. Como vencedora daquele conflito, coube à Inglaterra as compensações financeiras chamadas de "espólio" (na Idade Média chamava-se "pilhagem") sobre os países derrotados. A Bristol, querendo usar a capacidade instalada em sua fábrica por ocasião da guerra, que se encontrava então sub-aproveitada, recebeu uma oferta para produzir carros da BMW.

É interessante notar como a história da BMW se encontra com a Inglaterra repetidamente, como veremos mais exemplos adiante. Não é à toa que a BMW é a marca alemã mais voltada ao entusiasta. Arriscamos a dizer que um BMW é o mais próximo que os alemães conseguem chegar de um carro inglês, com um tempero esportivo, sem deixar de ser germânico -- os alemães provavelmente diriam "um carro inglês, só que feito corretamente". Continua

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