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Desempenho ilusório   A Megastar tinha a pretensão de fabricar o sedã mais rápido do mundo, graças aos 264 cv de potência a 6.500 rpm atribuídos ao motor Lotus 2,2 turbo e à leve carroceria. Dados de fábrica anunciavam que o 422T acelerava de 0 a 100 km/h em 5 s e chegava a 273 km/h. Mera ilusão: o carro tinha uma estrutura muito pesada, de aço zincado, chegando a pesar cerca de 1.600 kg. Houve tentativa de adotar resfriador de ar (intercooler), como no Lotus Esprit S4S, para elevar a potência para 300 cv, mas não foi possível usar o original refrigerado a água, inviabilizando a modificação.

Os motores são unidades desprezadas pela Lotus após a estréia do Esprit V8. Com câmbio longo e peso elevado, fica longe dos anunciados 5 s para a aceleração de 0 a 100 km/h

Com 0,85 kg/cm2 de pressão máxima no turbocompressor, o motor do Emme só proporciona bom desempenho em altas rotações. Nas baixas o carro mostra-se difícil de dirigir, com acentuado turbo-lag (retardo de atuação do turbo). Outro fator que compromete seu desempenho é o câmbio Borg Warner de relações longas demais, o mesmo do Ford Mustang V8, de farto torque em baixos regimes. Aliás, vários de seus componentes foram emprestados de outros carros nacionais e estrangeiros -- até de Opala seis-cilindros, segundo Franchini.

O índice de nacionalização do Emme alcançava 87%, pelo que apurou o engenheiro: apenas motor e transmissão seriam importados. Chassi, suspensão, escapamento também foram desenvolvidos aqui. Técnicos da Lotus estiveram no Brasil para adequar o nível de emissões, única participação da marca inglesa em todo o processo, além da venda dos motores.

É fácil perceber o amadorismo e as improvisações no projeto do Emme. Que tal um carro de luxo de 264 cv sem bolsas infláveis ou freios antitravamento?

A Emme desenvolveu também, afirma Franchini, um motor nacional de 2,0 litros, que chegou a ter cinco unidades fabricadas em São Paulo. Diâmetro e curso dos pistões eram os mesmos do VW AP-2000 (82,5 x 92,8 mm). Com turbo (a versão 16V aspirada parece não ter saído do papel) e cerca de 200 cv, permitia aceleração inicial mais rápida que a do 422T, pois havia maior torque em baixa rotação. Não houve seguimento à produção por falta de interesse dos investidores e o conseqüente fechamento da Megastar.

As desarmônicas linhas da carroceria, com linha de cintura bem saliente, lembram as do Volvo S80, que foi lançado só em 1998 -- outro ponto que aguça a curiosidade de muitos. A explicação: a Volvo apresentou no Salão de Paris de 1992 o ECC (Environmental Concept Car, carro-conceito ecológico) com linhas muito semelhantes às do S80. Portanto, ambos os carros foram baseados no desenho do mesmo conceito.

No interior do Emme, inúmeros e confusos botões lembram o painel de um avião. A dotação de equipamentos é ampla, contando com ar-condicionado automático, bancos de ajuste elétrico e revestidos em couro, toca-CD. O modelo fica devendo, porém, equipamentos de segurança (bolsas infláveis, freios antitravamento ABS), o que inviabilizaria sua exportação para o Primeiro Mundo.

O empreendimento, que anos atrás trouxe esperanças e recebeu benefícios em Pindamonhangaba, SP, está sem atividades há muito tempo

E aí está outra promessa sem fundamento, pois a Megastar dizia que ele seria vendido na Europa, tendo-o apresentado em Monte Carlo e Milão. Para o engenheiro Franchini, todo o projeto Emme não merece crédito: "Os falsos empreendedores informaram na prefeitura que investiram US$ 200 milhões no projeto. Pelo que vi em Pindamonhangaba e por minha experiência de engenheiro, não há mais do que 10 a 15 milhões investidos na fábrica."

"É lamentável que a prefeitura da cidade tenha autorizado a empresa a funcionar e lhe concedido inúmeros benefícios, às custas dos habitantes de Pindamonhangaba e dos infelizes compradores de seus malfadados produtos", conclui o proprietário do Emme.

Site tenta reunir proprietários
Com a intenção de unir os poucos donos do carro para trocar informações, Ronaldo Franchini criou um web site sobre o modelo. Com versão em português e inglês, há vasto conteúdo de fotos e informações, uma lista de discussão e espaço para a imprensa.

A idéia de Franchini era vender seu exemplar para algum colecionador, visto que comprou um carro de US$ 40 mil para utilização normal e o Emme não é viável como tal.

O endereço é www.lotusemme.hpg.com.br.

Atualização: meses após a publicação deste artigo, Franchini pôs fim a seus problemas com o Emme, tendo-o vendido a um colecionador de São Paulo, SP.

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